sábado, setembro 09, 2006

... E os aplausos vão para os bonecos!

Um rostinho tão bonito.
Traços de cocaína no sorriso.
Ela dizia: “Venha, venha”.
Sabia que estava por cima.
Lindo, lindo, lindo!
Era assim que queria.
Parecia um tecido muito leve.
Movendo-se por entre as pessoas.
Tocava suave em cada uma delas.
Um toque frio...
Tinha um rostinho tão bonito.
Com traços de crueldade no sorriso.
Ela dizia: “Com força, com força”.
Deixou as moedas caírem no chão.
Por um segundo perdeu a mente.
Voltou antes de tocar o chão.
Ela falava muito, o tempo inteiro.
Um milhão ou mais de histórias para contar.
Só o que tinha era o sorriso.
Um sorriso com traços de cocaína e sangue.
Os lábios foram mordidos por outra pessoa.
Mas não lembrava quem.
Maquiado como uma prostituta.
Calça de couro e veneno nas palavras.
Lembrava um boneco com a face de gesso.
Ela dizia: “É assim que eu gosto, é assim que eu gosto”.
Sorriu para o fantasma no espelho.
Não podia acreditar que isto estava acontecendo.
Onde havia ido parar sua maldita razão?
E todos esses espectadores de sua tragédia?
Incomodava estarem sendo tão observados.
Eram partes de um plano maior.
Eram partes de uma conspiração complexa.
Eram bonecos em um espetáculo.
Espetáculo sobre um estilo de vida suja.
Sobre um estilo de vida livre.