terça-feira, novembro 28, 2006

“Porque um segredo é um segredo e é um segredo”.

Porque um segredo é um segredo e é um segredo e é um segredo e é um
segredo...
Aqui não existem mais segredos, eles eram como um câncer, a corromper, a mal
tratar, a destruir, a desfazer, a matar todo o ser, o meu e o seu e o deles
e o de todo mundo, porque todo mundo ama todo mundo... Não! E não! Eu amo
todo mundo e amo todo mundo e amo todo mundo e amo todo mundo...
Você, ela, ele, a casa e o gato, o olho e o buraco, a cadela e a areia e o
espelho e o seio...
E ele é apenas um tolo na montanha que deveria ter sido mais esperto e
lutado pelo que queria, talvez tivesse ganhado o que sempre sonhou, mas
não... Não moveu um grão de areia no universo todo para ter o que era
maior... Então... Foda-me... Com força!
Porque um segredo é um segredo e é um segredo e é um segredo e é um segredo
e é a raiz de um segredo... Maldito segredo!
Olhe para o olho da minha mente, segure minhas mãos pálidas e ressequidas
pelas drugs... Porque eu tenho um paraíso perdido dentro de mim, berrando,
gritando, implorando para ser liberto, para ser amado como um dia já foi,
porque devemos ser sinceros com nos mesmos, pois é certo que todos já
tivemos isso, bem aqui, mas tudo se perde tudo se desfaz tudo se transforma
e adormece, como um sonho doce e infantil, que nos acompanha no final de um
dia cheio de brincadeiras coloridas e barulhentas.
E quer saber um segredo? Um segredo bem complexo e perigoso? Certo, certo,
vou lhe contar algo, mas não um segredo, porque eu conheço a verdadeira arte
de guardar um segredo... Porque um segredo é um segredo e é um segredo e é
um segredo e é um segredo e é a droga de um segredo que me faz deixar de ser
um homem e me faz deixar de ser uma mulher e me faz deixar de ser um cão e
me faz deixar de ser um fantasma e me faz deixar de ser um rato e me faz
deixar de ser um inseto...
Sim, sibilando pendurado em alguma parte desse teto imundo, com meus ossos
brancos cobertos de verniz sendo expostos pelo desejo insano de depositar
minha ex-carne dentro de você, com minhas asas quebradiças e toda essa
química em meu sangue azul anil que mais parece algum tipo de fluido para
motor de carro velho com banco de couro e luz interior da cor do inferno,
zunindo pela Cidade Compacta em busca de um pouco de existência, tocando os
pobres e meigos coraçõezinhos adolescentes que são atropelados pelo caminho
com uma musica doente fazendo nossas caixas cranianas vibrarem na mesma
freqüência indecente, sim, sim, eu o Inseto e ele o Garoto Poney e o Inseto
e o Garoto Poney e o Inseto e o Garoto Poney e o Inseto Mutante Tomador de
Drugs...
E a minha mente é a minha pior e maior e mais querida inimiga, sempre
fazendo lembrar, sempre fazendo querer, e nesse exato ponto está o meu fiel
escudeiro, meu amante e meu melhor amigo já morto e enterrado e com uma fina
poeira cobrindo sua casca que esconde os ossos que um dia foram guardados
por músculos e nervos e beleza ponderadora, mas que os vermes rastejantes e
amarelos devoraram a muito tempo, deixando para traz apenas um casulo vazio
com seus longos fios de cabelo que mesmo depois da morte ainda teimaram em
crescer nessa sua cabeça grande e tão cheia de idéias perversas e malucas
como as que eu tenho “agora e ainda” dentro de mim.
Você deveria estar aqui comigo para rir das coisas que nos fizemos juntos em
nome de nossos paraísos distorcidos e perdidos, deveria estar aqui para
lembrar como eu lembro agora da noite em que estávamos nos divertindo com
aquela menina/menino/menina e você estava lá com aquele entra e sai e entra
e sai e deixa a carne vermelha com a palma da mão e entra e sai e entra e
sai todo e eu apareci das sombras do quarto escuro cantando... _As pessoas
boni-taas, as pessoas boni-taas... E ela ficou realmente aterrorizada, com
um lindo e suculento medo transparecendo de seus olhos grandes e contornados
com uma pintura negra exagerada que só fazia acentuar a condição de
menina/menino/menina entregadora de prazer e delírios congênitos e ela achou
realmente que iríamos machucá-la, e quase virou pedra quando toquei sua face
com as minhas mãos frias, mas nos a machucamos mesmo não foi? A machucamos
de um jeito que todas elas gostam de serem machucadas e fomos como golfinhos
dopados do maravilhoso Elixir da Branca de Neve nadando pela Cidade Compacta
em busca da vigésima quinta hora de nossas vidas inocentes.
Oh, _Uau, foi isso mesmo... Foi sim.
Eu sei que você teria adorado conhecer a Hazel, aquela que já foi a Hazel
Escarlate que um dia caminhou em meus sonhos obliterados pela luz que a
cortina deixou passar suavemente naquela manha de terça-feira... Sim, sim,
você teria adorado ela e posso até ouvir e ver você dizendo-me: _Oh, cara,
ela é demais, olha essa pele toda branca e esse sorriso perigoso
transbordando desses lábios suculentos e macios e tão cheios de pecado...
Sim, era isso que você me diria, era mesmo.
E você era exatamente como eu, um profundo conhecedor da verdadeira arte de
guardar um segredo, porque um segredo é um segredo e é um caso de vida ou
morte alem da vida e da morte que todos provam e irão provar...
E eu digo: Oh, Jesus... Contemple essa minha face magra e ossuda e segure
minhas mãos e deixe-me acreditar mais uma vez que ainda que eu ande pelo
vale da sombra da morte eu não temerei mal algum porque tu estás comigo e
isto me basta.

1 Comentário:

Blogger Pseudoabstrato said...

Bom meu caro irmão, nada mais justo do que agradecer-lhe via próprio blog pelo tempo depositado em minhas simples palavras organizadas e reorganizadas do meu jeito. Saiba que sempre que possível leio seus posts, mas não é de costume meu comentar em blogs. Acredito que os textos aqui postados merecem um pouco de meditação e discernimento e não vagas palavras. Volto a agradecer pelo incentivo, e saiba que o mesmo o faço.

Um forte abraço, And God bless you all on the earth...

2:29 AM  

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