sábado, julho 29, 2006

Ao final do trigésimo terceiro dia tudo se faz mais claro.

Ao final do trigésimo terceiro dia tudo se faz mais claro.
Foram exatos trinta e três dias visitando incansavelmente aquele lugar especial.
E os dias que se seguem são tão urgentes quantos sempre foram.
Então é novamente necessário fazer a diferença. Ser a diferença.
A fome trouxe dor e fraqueza. Mas o corpo devia entender que ele é instrumento. Instrumento essencial, mas ainda assim instrumento.
A lascívia desenfreada alimentou a carne com tudo aquilo que uma mente inconseqüente e sem nada a perder poderia imaginar.
A química no sangue foi abundante, incessante e essencial. Passagem única para aquele lugar especial.
Os sentimentos levados ao extremo da confusão. A insólita fusão de desejo, necessidade, realidade e sonho. O verdadeiro caos mental.
E mais uma vez a belíssima arte de sair do corpo se mostrou verdadeira e única.
Desfez barreiras, quebrou grilhões e mostrou novos terrenos de infinitas possibilidades.
Não é mais necessário interpretar e nem se conter.
O filtro foi renovado e agora está ansioso pelos dias que virão.
E não importa o quanto o mundo não esteja pronto para receber uma existência incondicional. E nem mesmo se nunca estará.
Porque agora o homem já se encontra fora da caixa. E não esboça nenhuma vontade em voltar.

Saturnine